quinta-feira, 9 de junho de 2011

Perdigão Fala Sobre seu Livro "Fragmentos", Jornal O Estado


Arte & Diversão
Sexta, 06 de Maio de 2011
Fragmentos - Carlinhos Perdigão



[O ESTADO] Fale-me um pouco sobre o seu livro “Fragmentos: poemas e ensaios”.

[CARLINHOS PERDIGÃO] Ele tem um caráter histórico, pois reúne textos que venho produzindo há mais de 30 anos. Está sendo publicado em um momento de amadurecimento pessoal e profissional, e surge como resultado das minhas diversas experiências em diferentes campos de atuação da cultura no Ceará, seja como baterista, poeta, pesquisador, produtor artístico, ou como professor de língua portuguesa e de literatura.

[O E.] Por que o nome Fragmentos?

[C. P.] Este título remete a essas múltiplas atuações, que formam um “todo produzido” ao longo do meu percurso de agente cultural, e não a algo quebrado, fragmentado. Outra explicação está relacionada a uma experiência pessoal, de quando eu era ainda um pré-adolescente. Naquela época, uma prima ia lançar um livro de poemas com o mesmo nome. Eu, na inocência e curiosidade de descobrir o mundo (inclusive das palavras!) achei o termo tão bonito que prometi a mim mesmo que, se um dia publicasse algo, ele iria ter exatamente o mesmo título. Detalhe: naquele momento, eu não sabia o que significava tal termo. Mas fui tocado por sua sonoridade! Ou seja: este livro é uma espécie de auto-promessa realizada. Daí, quando resolvi em 2010 publicar meus textos no formato livresco, curiosamente lembrei quase que de imediato deste episódio da minha infância. E que estou concretizando.

[O E.] O livro tem como subtítulo: poemas e ensaios. Por que você escolheu publicar textos em torno destes dois gêneros?

[C. P.] Procurei juntar na obra literatura e prosa, duas paixões que tenho. Elas sinalizam possibilidades distintas de interferências minhas nos mundos literário e acadêmico. Portanto, “Fragmentos” percorre caminhos que, se não se completam obrigatoriamente, revelam a riqueza da palavra e suas possibilidades de uso em suportes diferentes e com objetivos também diferenciados. Assim, a obra possui poemas, letras de música, ensaios literários e artigos de divulgação científica que tematizam inclusive a linguagem cinematográfica, outra paixão que tenho. Deste modo, fazem parte da publicação textos que versam sobre o livro e o filme Vidas Secas, respectivamente de Graciliano Ramos e de Nelson Pereira dos Santos, um outro sobre o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, originalmente produzido para um projeto - nunca efetivamente lançado, e em parceria com o amigo e professor da UFC, Firmino Holanda - chamado Seis Romances Brasileiros na Tela, e mais alguns outros ensaios ligados à minha trajetória.

[O E.] Pode-se afirmar que no livro você junta literatura e educação?

[C. P.] Sim, em vários aspectos no livro busco unir estes dois expressivos campos! Afinal, eles funcionam como realidades que trilham caminhos misturados em diversos momentos. Sobre este tema, assim que entendo: a literatura propõe conhecer através da invenção, enquanto a educação - em diálogo também com a arte literária - propõe estruturar o saber. Além disso, em torno delas ainda há o encontro com a “palavra”, que é uma experiência humana muito rica. Pois a palavra cria mundos! E como invenção humana, é cria do mundo! Ajuda a expressá-lo. E possivelmente, a transformá-lo para melhor. Palavra-Livro-Mundo, Mundo-Palavra-Livro...

[O E.] Sobre as parcerias na obra, como elas se concretizaram?

[C. P.] As parcerias presentes agregaram valor ao meu texto, e são bem bacanas. Uma é da artista plástica Renata Holanda, que trabalhou imageticamente a obra remetendo-a à música, também um verdadeiro caso de amor em minha vida. Assim, todo o livro é perpassado por imagens que procuram traduzir meu percurso como instrumentista, e o próprio formato do livro lembra o antigo disco-compacto. Outra parceria presente é a do amigo e grande poeta pernambucano/cearense Carlos Dantas, que escreveu o prefácio relembrando - dentre outras coisas - episódios de nossa vida como estudantes de Letras.

[O E.] Como estão sendo os eventos de lançamento do Fragmentos?

[C. P.] Eu e um coletivo de artistas - Júlio Maciel, Carlos Dantas, Cleison Mattza, Chico Saga, Joanice Sampaio, Sérgio Costa, Marcelo Justa, Edmundo Júnior, Alysson dos Anjos, Talles Azigon - já realizamos várias performances em torno do lançamento. Todas foram muito legais, e aconteceram nos centros culturais Dragão do Mar, Bom Jardim e no SESC- Centro. Outras tiveram como foco o projeto Poemário Musical, que reúne versões musicadas dos poemas publicados. Essas ocorreram no Passeio Público, durante a Festa do Livro e da Rosa, no CCBN e também no CUCA Che Guevara da Barra do Ceará. E mais adiante, em 13/05, 19 horas, na Livraria Cultura, situada no Shopping Varanda Mall, haverá o lançamento do livro em torno de um diálogo comigo sobre a produção de textos literários e acadêmicos. Todos os eventos citados estão acontecendo gratuitamente.

[O E.] Depois de publicar o livro, quais os próximos planos?

[C. P.] Levar o Fragmentos a outras paragens culturais, continuar formatando projetos na área da arte-educação e, sobretudo, gravar um disco com músicas autorais, pois tenho parcerias com diversos artistas cearenses - dentre eles: Níguer, Marcelo Justa, Chico Saga, Moisés Veloso, Cleison Mattza, Júnior Boca -, e creio que esteja na hora de divulgar toda essa produção.

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